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Ouço risos histéricos que congelam os dentes,

doentes,

numa noite fria aquecida por um gole de vinho tinto que não seca...

         O copo acabou de quebrar! Cacos de vidro,

coração perdido...

Levado por um deus bandido que me faz delirar num gozo tido no sonho que me sufoca e afoga a angústia do acordar em lembranças de respostas escondidas...

...Escondidas por um garoto atrevido

que me acerta como um alvo fácil em plena luz do dia.

         Corpos em movimento suados de prazer...

Mais um delírio, um desejo...

         Uma buzina que toca, eu me assusto!

O carro passa sem direção, atropela o vento,

na esquina,

numa velocidade incontrolável. Onde em um boteco qualquer... as risadas... dadas...

...não fazem sentido...

Arrisco!

Disco!

         E digo Alô!

Que eu seja

Se pensarem que sou louca, que me levem, leve, em uma camisa de força. Que eu beba do vinho de teu sangue e que a forca seja meu altar.

Que se dilate meu cérebro...

Que eu reze, sem força, sem me machucar.

Que o tempo espere eu passar caminhando, lento, ao relento, acreditando que a vida vai mudar! Que o tempo espere...

Que eu cresça e floresça em frutos que só os... poetas sabem falar. “A poesia soa como música em meus ouvidos, distraídos...”

Sentidos!

Rezo. E peço que minhas mãos dancem num movimento contra o tempo que tem pressa, dispersa.

Que meus olhos brilhem ao ver as belezas sem mesas...

... que eu brinque.

Que eu deseje.

Que eu seja louca por acreditar e esperar o tempo ir...

Que eu diminua o passo... que se vá passo a passo. “Sem essa de acelerar.”

Que eu descanse, me espreguice pra amanhã continuar...

E se ainda assim, pensarem que sou louca, que me levem, leve, em uma camisa de força, mas... bEm DeVaGaR.

RIO DE JANEIRO, Cidade Maravilhosa.

CIDADE DE DEUS e de TODOS OS SANTOS:

SÃO FRANCISCO XAVIER,

PADRE MIGUEL, SANTO CRISTO,

VIGÁRIO GERAL, SANTA TEREZA,

BENTO RIBEIRO e SÃO CONRADO.

 

SANTÍSSIMO Cristo Redentor

vamos à RIBEIRA beber da ÁGUA SANTA,

nadar com JACARÉ e JACAREZINHO...

e debaixo das PITANGUEIRAS

colher CAJU, GARDÊNIA AZUL e RAMOS de GLÓRIA.

 

Vamos à GAMBOA do RIO COMPRIDO,

do BAIRRO IMPERIAL DE SÃO CRISTOVÃO,

ver o JARDIM BOTÂNICO e o JARDIM CARIOCA.

E no ALTO DA BOA VISTA

apreciar as LARANJEIRAS

no CENTRO de uma CIDADE NOVA chamada

RIO DE JANEIRO.

 

Vamos observar a MARÉ subir na PRAIA DA BANDEIRA,

velejar no GALEÃO...

seguir o LEME atrás do MARACANÃ ENCANTADO

que bebe d´água do TANQUE da PRAÇA SECA.

Nas margens da LAGOA

descansar à sombra da MANGUEIRA,

bater papo com OSWALDO CRUZ,

VASCO DA GAMA e ANCHIETA.

 

No CAMPINHO do COLÉGIO, na CIDADE UNIVERSITÁRIA,

brincar na hora do RECREIO DOS BANDEIRANTES...

subir a PEDRA DE GUARATIBA

e apreciar a VISTA ALEGRE das VARGENS

PEQUENA e GRANDE.

 

Orar pra MARIA DA GRAÇA ajoelhado ao pé da SANTA CRUZ...

Pedir PACIÊNCIA para a ABOLIÇÃO de ZUMBI,

BANGU e GERICINÓ...

que na FREGUESIA DE JACAREPAGUÁ,

no meio da VILA MILITAR,

clamam PIEDADE pro SENADOR CAMARÁ.

 

Vamos correr no CAMPO GRANDE cheio de MANGUINHOS,

pisar na lama e dormir na LAPA.

Dançar CATUMBI até cansar...

depois recuperar a SAÚDE para arrancar a CASCADURA da TAQUARA,

que como REALENGO, ofereço ao COSMO

e agradeço por estar aqui!

Vamos comer Pão de Açúcar

e depois subir a ROCHA na BARRA DA TIJUCA...

avistar de GRUMARI até o JOÁ.

ANDARAÍ na PAVUNA da cor do ANIL,

colher frutos da ROCINHA

e transformar a GÁVEA em PILARES de fé

para acalentar os corações desse povo

do RIO DE JANEIRO.

Eu te amo desatento

Eu te amo ao relento

Eu te amo no banho

Eu te amo no sonho

Eu te amo carente

Eu te amo contente...

 

Eu te amo.

 

Do seu amor.

A poesia dos meus sonhos mente, desmente,

demente.

A hélice que gira, gIrA, giRAA, GIRAAA...

tritura meus neurônios com cortes profundos mergulhados no desejo de prazer.

Como um mecanismo que amassa latas, comprime meu estomago até provocar o vômito num gozo tido do último gole de cachaça.

A vaca que dá o leite de cada dia, seca. E o tempo continua caminhando, num passo e pára.

A borboleta vive muito pouco tempo.

E os meus neurônios continuam morrendo.

Estico a mão pouco a pouco e consigo alcançar um copo com água. Sacio a sede, quero mais!

O tempo continua caminhando lento ao relento.

A poesia dispara num lamento que perdura por muito tempo.

E o tempo?

Quando percebemos seus passos lentos... já passou, como um ônibus que não pára no ponto.

É o nosso tempo ou não temos mais tempo.

Escorrego

me esquivo

sorrio

arrisco

divago

petisco

sorrio

me apego

te pego

distraio

não falo

sorrio

me esfrego

insisto

sorrio

disfarço

não desisto

aqueço

confio

não paro

preparo

sorrio

absorvo

estabeleço

encaro

escrevo

escrevo

escrevo

disparo

sorrio

adormeço

te abraço

levo

leve

lento

volvo

dissolvo

preparo

pareço

sorrio

atravesso

respiro

peço

sorrio

continuo...

sorrio

Bottinha

Botta, desbotta.

E vem e vai e volta como uma linha que dá nó na botta torta que botta sem botta.

Passo, passo, passo...

Toque, toque, toque. Se toque, me toque... desbotte.

Pisssssss! Ouça!

“É o som do Bottinha!”

Dança, agita, canta, rebola, si bola e botta...

Batta na porta antes de entrar e ao sair, não esqueça de trancar.

Batta uma bola e brinque com a botta torta que acabou de quebrar.

Pensamentos incoerentes e palavras inconseqüentes. Olha! O Botto em alto mar. Ele acabou de mergulhar. É rosa! Rosa como a rosa que te dou...

Ih! Pirei!

Que nada, é poesia!

Troque o salto da botta e volte a dançar.

Botta a botta e batta palmas pro Bottinha que acabou de chegar.

Botte a rosa dentro do pote, op’s, quero dizer, botte e vá mergulhar num mar de palavras sem nexo que só a paixão pelo Botto Rosa que botta a botta torta consegue explicar...

O que deformA

Também cria formA

E se formA

DisformE

Sem nexO

Em sua razãO

De seR

O que se É

E não É...

...

pENSo

nA BELEZa

...

dE uMa FoRmA

SeM fOrMa

qUe ViAjA

...

Pelo universO

Da criaçãO

De uM

CoraçãO

Ponto.

Não digo o que meus lábios não podem pronunciar

imobilizados pelo tremor de uma paixão inexistente.

Mas...

latente.

Num inconsciente que se afunda

e se deixa levar pelo movimento

de um tempo qualquer.

Ah! O tempo!?!

O tempo que traz, no bolso da calça,

um papel rasgado e manchado

onde não se pode ler o que estava escrito.

“- Talvez um nome sem rosto ou um número de telefone...”

Manchas de uma bebida qualquer que embriagam a ilusão de uma fotografia amassada pelo tempo.

Por um tempo perdido em palavras não pronunciadas

e

achadas nas atitudes insanas.

Ponto!

Permaneço com a pureza das lembranças acolhidas no calor de um abraço ao corpo desconhecido.

Sufoco toda a minha angustia diária

e utilitária

numa compressão enlatada de um dia que se foi.

Deixo ir os medos,

as neuroses,

os problemas,

as manias,

os tormentos,

as molas,

as porcas,

os parafusos

confusos...

E no desenrolar da noite me abraço no mesmo corpo estranho...

Mais uma vez,

em meio aos sonhos deduzo que me deixo levar.

Levar pelo balanço inconsciente de uma gargalhada dada nas horas felizes que permanecem no entrar de um novo dia.

sem nada

sem fala

sem pedir e

sem se despedir.

Agora

      tranqüilo

                  quieto

                        silêncio.

Feliz

     porque

            quis.

Sigo atenta, veloz                                                                        e voraz

respiro ofegante

inalo teu perfume nas

Lembranças santas que me levam pelo tempo

Esqueço todos os tormentos

Arrisco com o vento

Navego nos teus olhos

Desperto meus sentidos

Reviro pelo avesso...                       não te esqueço.

O ontem e hoje

se confundem na embriagues

de um coração que segue o ritmo

do corpo do outro

lapidado numa escultura viva

que se faz presente

no pensamento

levado pela água corrente

que limpa e purifica

o cansaço da rotina

esquecida no banco do carro estacionado na garagem

de um Motel.

Um fato!

Um ato!

A risada dada se prolonga numa gargalhada

através das horas que trabalham as obras vivas.

Os corpos confusos (e lapidados) se entrelaçam no ar

em um ritmo acelerado do gozo místico

que assombra a noite negra

e soa como música.

O “vinagre”,

como um cauim,

deixa tonto o ébrio que tropeça num “passo”

da dança

do ritual

mágico

que atiça os sentidos.

Balança!...

Balança com as ondas de um mar revolto que se estende

pela areia até o asfalto quente;

inflama com o fogo que se alastra na fúria do desejo

de movimento...

E como um furacão...

atordoa.

Po

Poe

Poesi

Poesia

PoEsiA

pOESIa

POESIA

Quero escrever-te

poesia

Poe... Poe...

Poesia.

Poesia.

Que mexa com meus sentidos,

que sopre nos meus ouvidos.

Que mexa contigo!

Que fique no tempo,

que rabisque com o vento

que leva e traz lembranças...

Santas!

Salamandras soltas pela noite nas horas lentas,

tantas outras que se vão.

Poesia que passa ao lado do poste que se foi

numa imagem na janela que corre.

Movimento de 15 graus dados ao ébrio na noite da poesia solta,

Voada.

Solta poesia.

Pipa.

Poesia.

Eu me canso

as horas descansam

eu continuo

as horas param

e eu não durmo...

 

 

...

 

 

...

 

 

...

Escrevo-te palavras...

palavras bacanas

palavras insanas

palavras sacanas

palavras urbanas.

Escrevo-te palavras bonitas

palavras bem ditas

palavras usadas

e bem passadas.

Palavras cantadas

palavras erradas

palavras pensadas

palavras assadas

novas palavras!

Palavras sentidas

palavras nunca ditas

somente...

palavras!

Palavras quentes, queimadas

palavras carentes, dementes

Palavras que vem e vão nas frases soltas.

Palavras atrevidas

palavras queridas

desejadas palavras.

Escrevo-te palavras sem sentido

palavras coerentes

palavras de um dia qualquer

palavras de todos os dias

doces palavras compreendidas

palavras doces incompreendidas

somente...

PA

LA

VRAS.

Acordo com uma angústia que deforma

meus pensamentos.

Respiro consciente

e minha consciência se esvazia numa tristeza mórbida,

sem razão.

(Séria de mais!)

(Você pensa de mais!)

Reflexões sem sentido

esgotam o corpo físico

num cansaço repentino,

Vadio!

Sorrio!

Vadio!

E o espaço... se consome

“Me come.”

Tô cum sono.

“Me esquece.”

Tô cum fome.

Que horas são?

Sorrio.

Vadio.

Sorrio.

Um passo dado em direção a loucura

suporta a dor causada pelo peso dos pensamentos.

“Que tormento!”

As mãos num movimento

continuo

não deixam o corpo padecer num paraíso,

vazio.

Meus olhos inchados e casados

de observar as coisas

e ver as pessoas

se deteriorando em um tempo presente...

e ausente.

Poeira... asneira...

no móvel,

na sala.

 

Se contorce,

se transforma.

RETORNA!

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